sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Hoje...

Era uma vez... 

Em dezembro, estávamos sem dialogar e evitando acasos nos corredores de Alice e antes de mais um jantar entre amigos, você saiu do quarto e me tratou como se nada tivesse acontecido... Tudo o que eu queria era realmente não entender. Bebemos vinho, jantamos, conversamos, sorrimos e fomos às anfitriãs! Depois resolvemos esticar a noite, naquela baladinha perto de casa, lembra? 

Por vários momentos quase a beijei, mas me contive. Coração em chama, mente esfumaçada, olhos congelados... A luz da balada acabou e fomos para outra, na Consolação.

Lembra quando experimentamos aquele chá indígena? Você estava chorando na sua viagem espiritual e eu tentando ajudar desconhecidos, mesmo com todas aquelas minhas sensações, até hoje impossíveis de descrever. Você me disse, depois, que esse era o sentido da minha vida.

Quando terminou o efeito do chá, eu estava sozinha, olhei para o céu e aquele sonho de infância estava sendo materializado – Se ela aparecer aqui do meu lado e falar que está vendo a mesma coisa que eu, vou acreditar. Você apareceu e me abraçou, pelas costas – Val, olha aquilo lá no céu... E não era o Arquivo X...

No fundo, sabíamos que era a nossa despedida e por mais que a minha máscara me mantivesse firme, ambas sabíamos que eu não aguentaria aquilo por muito tempo. Sentei para fugir do desconhecido e observar um ponto de fuga, uma estratégia para sumir.  Mas, você me acompanhou... Minha noite não idealizada estava sendo realizada.

Paramos a balada, a música e as pessoas.
Será que naquele momento existia algum casal mais apaixonado e mais feliz?

Voltamos para casa, tive a certeza que você largaria o seu futuro incerto para me acompanhar em um ritmo que eu também não sabia dançar. Depois de algumas horas a deixei dormindo... Trabalho,  vida adulta e quando voltei não era Noa Noa ao travesseiro. Mas o cheiro era de culpa... Não minha!
Dias sem tocar no assunto, de evitar olhares e talheres a mesa.

Voltei pra balada e tentei me reencontrar.  Conheci uma pessoa bonita, inteligente, amorosa, espontânea e pronta a se apaixonar... Por que não? Se já tínhamos optado pela separação e você estava partindo... Porque mesmo te amando eu falei para você ir.

A menina “chegou chegando” e fazendo tudo àquilo que eu já tinha esquecido. Você foi embora depois de 4 dias, me deixou a chave, uma foto (que adoro), e um chimarrão. 

Lembra das minhas setas de fita crepe, da sala até o nosso quarto, para sinalizar aquela música? Você brigou comigo... Será que hoje você percebe que foi fofo e romântico?

Engraçado que certas coisas ficam escondidas na memória até a gente resgatar, querer resgatar. Acho que é o fato de estar com febre e no notebook, a certeza de remédio certo.

Calma, isso não é uma recaída! É só para consertar aquele outro e-mail... 

Em 2007, procurei entender, procurei saber sobre essas leis que não entendemos de uma vida de explosões de sentimentos. A nossa história sem círculos fechados e a certeza que eu tinha que me afastar para fazer você se achar... Colocaram logo no meu ombro o peso da sua felicidade e o que você acha que eu escolheria?

Mas quem garante que você não teria sido feliz comigo? Eu tinha que te dar uma chance, não tinha? Cumpri com o oráculo e te pergunto: VOCÊ É FELIZ?

Quando conheci o seu herdeiro, o poeta, o amei e fiquei com medo... Porque gostei dele e sabia que você poderia fugir de novo e se afastar (me afastar), está no histórico. Mas o meu jeito meio italiano, meio português, meio espanhol, acho que precipitou as coisas. Acabei, sem querer, encostando na sua perna e ele derrubou o relógio olhando profundamente nos meus olhos e pedindo pelo pai... Fazendo-me crer que ninguém estava preparado para aquilo.

Ao mesmo tempo, o que acho que fácil entender, fica confuso. Coloco a minha fé em xeque, porque a nossa história ainda não está em xeque.

Lembro que às vezes dormíamos brigadas, uma longe da outra... Mas na madrugada, todas as noites você acordava falando meu nome e me abraçava... Dormíamos brigadas e acordávamos abraçadas.

Uma vez no Spot, eu estava bem como a sua amiga. Você estava em crise no casamento e eu tentando reativar a sua vida. Descobrir profissões ocultas, tentando dar algum sentido para os seus sonhos esquecidos...

Observamos um casal de meninas abraçadas, você lembra? Eu não falei nada e você disse:

- Sempre que tento enxergar a gente, eu me vejo contando para a minha avó e me pergunto se ela entenderia? Será que ela entenderia a nossa história?

Nem a gente se entende, não é verdade? Às vezes parece que foi ontem, que falta um pedaço... Não sei?

Gosto de lembrar da japonesa, no shopping Paulista. Você não podia voltar para casa com as Flores do Campo e acabei dando para a primeira mulher que passou... Ela chorou, porque era casada há 45 anos e nunca tinha ganhado flores na vida  - Obrigada, seja feliz!

Vou ser... Quando achar quem gosta chuva, frio, cachecol, música, que não corta a salada e nem fura a manteiga, rs. Que gosta de filmes e idioma francês, que queira conhecer Machu Picchu, que adora Almodôvar, que também tenha amor na cozinha e que entenda que tenho problemas com palavras estrangeiras. São tantos detalhes, fiquei exigente esses anos, rs. (quem não me conhece nunca vai entender isso).

Só sei que comprei um presente para o poeta, que adoraria passar uma tarde tranquila sem passado, presente ou futuro. Que precisamos doar sangue e ver o Pequeno Príncipe na Oca (ainda tem o livro?)... 

Temos tantas coisas para fazermos como amigas que não sobrará tempo para pensarmos em outras coisas... Se cuida! Por favor, não pira... É só um desabafo!

Obs.: Começou a chover...vai entender!?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

INVASÕES BARBARAS


“Menina e escoltada em faculdade por causa de vestido curto” 

Calma! Você não viajou no tempo... Estamos em 2009... Não parece que estamos na época da inquisição?
Alguém perseguiu o padre que excomungou a menina (9 anos) violentada pelo padrasto? O padre perdoou o estuprador (que também violentou a irmã com deficiência intelectual), mas a menina, não! Alguém perseguiu o policial que atirou em um homem trabalhador, que sustentava a família e era feliz, só porque era negro e morava na periferia? Alguém perseguiu os caras que esfaquearam 2 jovens nos jardins porque eram gays? Melhor: alguém persegue as pessoas que matam tantos gays por dia no Brasil? Não!

“Isso já faz parte da rotina, isso já faz de você... que tem idéias tão modernas é o mesmo homem que vivia nas cavernas”
A nossa vida é tão cheia de problemas e ainda tem mais essa... Será que as pessoas julgadas (por quem?) diferentes (por quê?) pagam menos impostos? Tem menos sonhos? Menos direitos e mais deveres? Onde vamos parar? Se uma pessoa não tem o direito de usar o que quer usar, imagina as pessoas dessa faculdade no carnaval? Mas no carnaval é pior, pode tudo, tudo pode!

“Ela usou o vestido curto, é puta?” E SE FOR, QUAL É O PROBLEMA E O QUE VC TEM HAVER COM ISSO?
Estou quase acreditando que o mundo vai realmente acabar em 2012, porque ando escutando tantas barbaridades, tantas invasões. Tenho um colega que parou com tudo, não lê, não assiste, não participa... E o que adianta? Se amanhã pode ser com, ele... Com você!

Hoje, Barack Obama, deu um passo importante para a humanidade, ao receber nesta quinta-feira, “29 de outrubro, Judy Shepard, mãe de Matthew Shepard, adolescente que foi morto em 1998, no estado de Wyoming, vítima de crime de ódio e símbolo máximo da luta pelos direitos da comunidade LGBT.
Isso porque foi assinada, também nesta quinta, uma medida que dá novas proteções a gays por crimes de ódio. Apelidada de Matthew Shepard, a medida foi aprovada na última semana no Senado por 68 votos contra 29, e ainda expandirá as leis federais contra os crimes de ódio que incluem vítimas taxadas por sua orientação sexual, identidade de gênero, e deficiência.

Nós somos muito gratos ao Congresso e ao presidente por dar esse passo à frente na proteção às vítimas de crimes de ódio e suas famílias... mas cada um de nós pode e deve fazer muito mais para assegurar a igualdade para todos os americanos", disse Judy em um pronunciamento.”
Era sobre isso que falaria se ainda não tivesse tantas Invasões Bárbaras acontecendo pelo mundo...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

FILOSOFANDO

Quem me conhece sabe que tenho uma tese (resumidamente) sobre a vida. Como falo no meu poema Segredos Revelados, passamos uma parte da vida buscando algo e depois fugindo daquilo que buscando e depois buscando aquilo que fugimos, entendeu? Um circulo que sempre gira de um lado para outro...

Por medos, por carências, por afetos, por diversas razões e cada qual com a sua... Muitas vezes estacionamos! As minhas? Diariamente, procuro me manter firme as minhas decisões e escolhas... Muitas vezes erradas, muitas vezes insanas, muitas vezes dolorosas... Mas sempre buscando aquilo que desejo!

Às vezes caio, erro, desanimo, fico na duvida... Mas volto como a fênix e mais ousada, mais sábia... Tenho em minha mente que só assim vou conseguir vencer meus desafios... Imaginários, reais ou não!

Às vezes acerto, muitas vezes acerto! O filosofo, Spinoza propõe: “Ao invés de fazer um somatório de nossas tristezas tomar uma alegria como ponto de partida local à condição que sintamos que ela nos concerne verdadeiramente.” "Assim, fazer da alegria um trampolim até encontrarmos outra alegria".
Por que às vezes é tão difícil? Por que sempre lembramos das quedas e dos recomeços?

Ontem assisti a metade da corrida de F1, cheguei atrasada ao almoço com a amigas e não parei de pensar na vitória do Rubinho... Ele merecia! A gente às vezes merece certas vitórias. Que ele tem o dom, eu já sabia! Que ele não tem sorte, também...

Fiquei triste, depois da adrenalina de Bastardos Inglórios e chegar em casa e ver mais uma vez o improvável... Pneu furar, é de matar!
Olhei para os livros das prateleiras e lá estava minha resposta para minha noite inconsolada (faço drama, eu reconheço, rs)...

- Übermensch...

Quando o filósofo alemão Nietzsche, escreveu “Assim falou Zaratustra”, ele explicou os passos através dos quais o homem pode tornar um 'Super-Homem' (homos superior, como no inglês a tradução também pode ser compreendida como super-humano).
“O que não significa que devamos, por nossa vez, simplesmente nos tornarmos escravizadores. Tirania é o resultado, não de autonomia, mas de frustração: é simplesmente a expressão de mais ressentimento. O homem superior, em vez disso, vive a vida sem ressentimentos, e está realmente pronto, se a situação assim o exigir, para servir, bem como para liderar. (Para a maioria de nós, servir é algo parecido com escravidão). Controlando suas paixões e canalizando sua vontade, este ser que está acima do humano cria arte e filosofia, assegurando vida, alegria e todas as coisas boas”
                       Os eleitos por Zaratustra
- os que vivem intensamente, que são indiferentes aos perigos porque são capazes de atravessar de um lado para outro;
- os grandes desdenhosos porque estão sempre tentando chegar a outra margem;
- aos que se sacrificam pela terra
- o curioso, o que quer conhecer
- quem trabalha e realiza invenções engenhosas
- o que preza a sua própria virtude
- aquele que distribui o seu espírito entre os demais
- o que deseja viver e deixar viver
- quem não seja exageradamente virtuosos, nem excessivamente moralista
- aquele que não fica a espera de agradecimentos ou recompensas;
- o que não trapaceia
- o que se orgulha dos seus feitos
- o combatente do presente
- o que desafia e fustiga o seu Deus
- o de alma profunda
- o de alma trasbordante, que esquece de si mesmo
- quem tem o espírito e o coração livre



Assim, ontem... Rubinho se tornou meu herói! Renasceu, não-venceu e aparentemente estava sem ressentimentos, dizendo que deveria levantar as mãos para o céu e agradecer o ano que foi bom!
Viva Rubinho,Viva Zaratustra!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

HOTEL RUANDA

Eu não acredito que todos deixaram o genocídio acontecer... e que ainda deixam nos quatro cantos do mundo. Paul Rusesabagina,o homem que salvou mais de 1000 pessoas em Ruanda, mudou um pedaço da historia,apenas tendo coragem...
Todos ficaram em silencio e viraram as costas para Ruanda mais de 800 mil pessoas foram assassinadas...
Cerca de 70% dos sobreviventes de abusos sexuais durante o genocídio são portadores do vírus da AIDS

Isso aconteceu em 94 e a historia a qualquer momento poderá se repetir...

Inacreditável que a vida humana tem valor perante a sua cor... Deveríamos ter nascidos todos daltônicos e assim mais felizes... Vivos e mais felizes!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O Tempo - Lou Bertoni

Estou começando a aceitar que adultos são esquisitos e que crianças são engraçadas. Que por mais gentis que sejam as pessoas na casa delas, isso não significa que elas queiram que você more lá. Que bar de rodoviária não é o melhor lugar para se fazer amigos, mas coisas esquisitas rolam. Que irmão menor é mimado e que irmão mais velho é mandão, não importa como tenham sido criados. Que, vez outra, alguém vai puxar o seu tapete, então é melhor aprender a cair. E levantar. E, finalmente, que existem duas categorias de pessoas no mundo: as que choram e as que vendem lenços.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O VISITANTE

O Filme é sutil ao tratar da imigração, pós 11 de setembro! Mas o enredo é uma dádiva! Walter Vale (Richard Jenkins – Sete Palmos e Queime depois de Ler), é chato, triste e passa uma sensação de apenas existência. Nas primeiras cenas, tenta tocar piano, sem aptidão alguma. E aos poucos, o diretor, Thomas McCarthy ("O Agente da Estação") libera o personagem...
Você torce por ele e se pergunta se algum dia também não se sentiu assim...
Através de uma viagem para Nova York, ele descobre morando em seu apartamento um jovem casal de imigrantes ilegais que ocupa o imóvel sem que ele saiba... A medida que surge os desafios para seus inquilinos, Tarek e Zainab, Walter sente um impulso de ajuda-los, e vai despertando uma paixão pela vida. Ele passa da existencia, para viver a vida
Um pouco mais de realismo e sagacidade entram em cena com a mãe de Tarek(linda), vivida pela atriz israelense Hiam Abbas (Munique, Free Zone) que sai de sua cidade no interior dos EUA e vai para Nova York tentar ajudar o filho.

“O desfecho é perfeito para os amantes de dramas sólidos. Há espaço para que o público preencha as lacunas, há emoção e, principalmente, há uma cena final pungente, poética e memorável.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

INDEPENDÊNCIA...

Ontem estava em uma festa, de uma grande amiga, e conheci alguns estudantes Colombianos que estão estudando na USP e morando no Brasil, maravilhosos, inteligentes e com seus 20 poucos anos de muita sabedoria e vivencia com tão pouca idade... Fiquei encantada!
Falamos sobre mojitos, viagens,... miséria, política e das bases americanas instaladas na Colômbia.

No mês passado teve o encontro do Unasul (União das Nações Sul-Americanas), para debater entre outros temas a negociação entre a Colômbia e os Estados Unidos para instalação de bases militares norte-americanas em solo colombiano.
Recentemente, Lula disse “que o Brasil respeitava a soberania da Colômbia, mas via com preocupação a instalação de bases militares dos Estados Unidos no continente sul-americano”. Durante o discurso da cúpula, o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, justificou o acordo dizendo que os EUA foram, há muito tempo, o único país que ajudou seu país "de forma prática".
As palavras de Uribe não foram suficientes para encerrar a discussão política em torno do pacto, que gerou fortes críticas dos presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa.
"O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que estava disposto a guerrear com a Colômbia se fosse fechado o acordo".

Minhas preocupações, talvez exageradas ou não? Em poucos anos vai faltar água e ninguém vai poder beber petróleo ou vai?
Só que até acabar a água, ainda vai haver muita guerra por causa do petróleo... Se tudo der certo, estamos com os dois na mão. O Brasil é rico em água natural e agora com as especulações do pré-sal podemos levar o País ao Primeiro Mundo...

Será que vamos saber lidar com isso? Sem nos tornarmos tão capitalistas e soberanos quantos outros paises que também acharam o ouro-negro e não souberam lidar com o momento sonhado? Tendo mais desigualdade social, corrupção e violência generalizada...

Há alguns anos, assisti na TV, quando um jornalista deu gelo para um garoto muito, muito, muito pobre em algum lugar do nordeste brasileiro e o menino ficou com medo porque não sabia o que era gelo... Dá para acreditar nisso? Ele não sabia o que era gelo! Chorei, gritei de raiva e ódio por não saber por onde começar a fazer alguma coisa (ainda não sei)
Na Etiópia, eles comem bolachas feitas com argila, farinha e água para combater a fome e deixam os filhos mais novos morrerem porque já estão fracos e não vai adiantar alimenta-los...

Tenho um sonho possível, nada muito milagroso, mas precisaria de alguma sorte divina ou alguma gota de petróleo... Gostaria de construir, em vários pontos... Bases de reciclagem de alimentos (nada militar!)... Não precisaria de doações de dinheiro, nem de gente armada... Eu só precisaria de restos de alimentos saudáveis para reciclar e virar novos alimentos para pessoas que ainda não tem o que comer... Eu salvaria mundo, não salvaria?

Hoje é dia da Independência do Brasil, e mesmo com imortais de... (eu odeio palavrão), mesmo com tanta corrupção, mesmo com tantas coisas sem explicação... Ainda tenho esperanças que não haverá mais fome em nenhum lugar do mundo.

Amanhã assinaremos com a França, pacto militar... E como disse a jornalista da Folha Eliane Catanhêde, “A aliança com o Brasil é estratégica para o pais de hoje e do futuro. Lula sai, o mar e as riquezas brasileiras ficam. Ele acerta ao pensar grande, deixando o pacote, o legado para o Brasil e o sinal para mundo.”

Será que ajudaremos nossos irmãos de terra e de terras estrangeiras?

“Já podeis, da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil; já raiou a liberdade, no horizonte do Brasil...”

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

RELATO PARA A HISTÓRIA

Rosto verde-amarelo e na Av. Paulista aos gritos, “Viver a Pátria livre ou morrer pelo Brasil” – eu tinha 16 anos e varias incertezas, mas das poucas coisas que me recordo naquela tarde ensolarada, era que derrubaríamos um Presidente Corrupto... Conseguimos! Mas é estranho como a vitória, agora parece derrota... Estou me sentindo depois de 15 anos uma idiota com cara ainda verde-amarela...
O ex - caçador de marajás é agora senador pelo PTB de Alagoas, e Imortal da academia Alagoana de Letras... DETALHE...NENHUM LIVRO PUBLICADO... Tentei pesquisar aquelas frases medonhas que ele usava para praticar esportes, lembra?

“ALAGOAS AGORA É BRASIL. VALEU COLLOR” ou “A VERDADE E O AMOR DEVEM PREVALECER SOBRE O ÓDIO E A VIOLÊNCIA” ou “O TEMPO É O SENHOR DA RAZÃO” ou “AD AUGUSTA PER ANGUSTE” (“O êxito só se obtém com sacrifício”) ou “SALAM” (Paz, em árabe) ou “PACIÊNCIA É A CIÊNCIA DA PAZ” ou “VERDADE E O AMOR HAVERÃO DE SUPERAR A MENTIRA E O ÓDIO” ou “QUEM É QUE VAI PAGAR POR ISSO?” ou “NOVA FORÇA DO NORDESTE ou “SCIENCE FOR NATURE, SCIENCE FOR PEACE” (“CIÊNCIA PARA A NATUREZA, CIÊNCIA PARA A PAZ”) ou “CORAGEM, ESPERANÇA E FÉ” ou essa é o melhor “SEREI BREVE, MAS NÃO TÃO BREVE QUE A ETERNIDADE ESCAPE DO CORAÇÃO”
E fico aqui com o meu teclado pensando, será que foram essas frases que ele apresentou no seu discurso para se tornar imortal??? Quero montar uma guerrilha... Estou cansada de fazer papel de palhaça de verde-amarelo.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

MEU PÉ DE MANGA

Tenho 30 anos e meu sonho era mudar o mundo... Lembro quando criança, de querer ser cientista (tinha até um brinquedo que fazia experiências e tinha vários tubos de ensaio), depois astronauta (chorei com 5 anos, quando descobri que era quase impossível)... Mas fora a certeza de querer fazer mudanças e salvar a nação (o meu texto era sobre isso)... Minhas profissões mudavam com os anos adquiridos, com 6 anos queria ser detetive... Ganhei até uma lupa e caçava lobisomem, no sitio do meu avô – 1 vez por ano, nas férias do colégio da cidade grande.

Era um acontecimento, um mundo a parte! Em São Paulo, shopping, parque de diversão e natação (bronquite asmática e pneumonia) e no interior do Paraná, lendas, andava descalça na grama, água de poço, pescava no rio com o meu pai e ainda eu contemplava os entardeceres mais espetaculares de toda a minha infância. O cheiro de mato me hipnotizava e tinha adoração por cavalos...Me perdia entre os cafezais, subia em arvore, comia jaca (hoje não como mais) e era chata. Mimada com os pais divorciados desde os 4 anos de idade...
Era o programa de férias com a família do meu pai... E meus avós me transmitiam felicidade...

Meu avô tinha uma coleção de armas atrás de uma porta secreta de madeira (pelo mesmo ele acreditava que era secreta), e também uma coleção de canivetes. Ganhei 1 uma vez e lembro de ter dormido com a mão fechada agarrada a ele, até chegar em São Paulo. Lógico, que quando chequei em casa, fui me lembrar do tal canivete e fiquei triste por ter perdido o único presente do meu avó... No interior eles tinham o costume de prender as galinhas (doze horas antes) para fazer o abate... e a Vanessa – minha irmã mais velha, soltava as galinhas antes de todos acordarem, e olha que eles acordavam com as próprias, rs... Ficávamos com muita pena das coitadas e todos os anos fazíamos a mesma coisa... Era o nosso ritual do bem,rs! Mas ficávamos sem almoço também!

Lembro que o que mais me chateava eram os comentários sobre a minha mãe, afinal ela que pediu o divorcio e o meu pai a amou até alguns anos atrás... Hoje vejo como eram incompatíveis e como o amor pode ter em algum momento acontecido? Minha mãe uma quase medica, apreciadora de vinho, rígida e adorava teatro... Mas o meu pai era o oposto, um sonhador, carente, chorão e apreciava os domingos com o Santos na televisão... Meu avô adorava a minha mãe, não me recordo de nenhum comentário sobre o divorcio e o seu nariz empinado... Meus avós eram simples, devo metade do que sou a essas raízes, e a essa infância tão contraditória...
Os encontrei tristes um único dia... quando venderam o sitio e mudaram-se para Rio Claro, eu tinha 9 anos! Isso acabou com eles e com a minha infância-fuga...

Minha avó faleceu em 2001 e meu avó no ultimo dia 15, fui vê-lo, estava 14 anos sem visitá-lo... Dirigi 3 horas e o encontrei no caixão... Procurei me lembrar de todos os bons momentos, mas também me arrependi................................................................................... Não visita-lo em nenhum momento foi falta de amor...

Não vou dar conselhos para tentar falar com um amigo antigo, um familiar ou algum desconhecido... Nem vou dizer que a vida é curta e que 14 anos passam como 14 dias... Também não vou ficar me justificando e nem me julgando... Também não vou dizer que se estiver amando aproveite cada milésimo de segundo, mesmo que não esteja sendo correspondido... Nem vou dizer para correr atrás dos sonhos, porque são as realizações que levamos dessa vida...

Vou dizer que sempre vou me lembrar dos meus avós nas tardes do interior do Paraná, embaixo do nosso pé de manga, meu avó com seu cigarrinho de palha, minha avó de vestido de flores e eu uma coadjuvante... sentávamos na sombra e nos lambuzávamos de manga...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

ENTER, DELETE E OUTRAS HISTÓRIAS

Meus 15 anos  

Era dezembro e chovia, estava em família, em um Hotel no litoral. Minha mãe organizou uma festa surpresa. Eram férias e sem nenhum amigo do colégio. Meu namorado tinha ficado em Sampa. Minha mãe para encher o lugar convidou alguns hospedes para cantar junto as minhas irmãs, os meus parabéns, e aproveitarem a mesa improvisada de doces variados e o bolo.
Sempre desejei fazer aniversario em uma data que coincidisse com o meu ano letivo. E quando não estava viajando com o meu pai para o sítio do meu avô, dezembro era junto dela, no mar. Pais separados, um da terra e o outro da água. Mas o importante dessa história é que algo mudou aquele dia.

Depois dos parabéns e de timidamente cumprimentar dezenas de pessoas desconhecidas. Meio que surge entre as mesas, uma garota, talvez um ou dois (anos) mais velha, da mesma altura e de olhos e cabelos castanhos claros. Os olhos se destacavam, porque as bochechas estavam rosadas, penso que foi o mormaço daqueles dias.
Lembro de cada detalhe e outros que me falham a memória. Ela era a mesma menina que no almoço avistei na piscina com a garoa ainda fraca. Eu estava em baixo de um guarda-sol e lendo sobre Capitu e os seus olhos de ressaca. Lembro quando ela bateu a mão sobre a água e sorriu. Não me recordo se naquele instante teve reciprocidade a gentileza ou se recuei. Apesar de observa-la a cada paragrafo disfarçadamente. E esse ato era muito melhor do que prestar atenção nas palavras insanas de Bentinho.

Na festa ela com uma das mãos segurava uma bexiga vermelha ou laranja, talvez amarela. Estava de vestido branco, isso tenho certeza. Ela era linda e muito mais real que a minha professora de Geografia de cabelos vermelhos e a camiseta do Sex Pistols.
Me dei conta que deveria ir ao seu encontro. No caminho tinha umas mesas, pessoas em pé. Nossos olhos não se desviaram e seus lábios sussurraram sorrindo “Parabéns!” meu coração palpitou de um modo tão estranho e bom. Por segundos o ambiente ficou sem som. Minha boca ficou seca e senti um calafrio do estomago até a laringe.

O olhar ficou mais intenso e ela desviou para o chão e quando voltou, dessa vez era um sorriso tímido, meio de lado. Fez uma afirmação com a cabeça e depois colocou uma parte do cabelo atrás da orelha.
Eu nunca tinha sentido aquilo, ela me desconcertou. Aquele medo presente no ar, você precisa imaginar a cena... Tentei de todas as maneiras, desviar das pessoas, e chegar até ela. Minhas intenções eram ingênuas, eu tinha 15 anos e 1 hora.
Quando estávamos quase frente a frente, desviei para receber mais um, parabéns. Escutei uma voz masculina chamando uma mulher. Não consegui entender o nome. Quando voltei para aquela sensação de aconchego, ela tinha sumido, deixando a bexiga ainda em movimento na minha frente.

Os dias restantes, hospedada naquele hotel, diariamente eu voltava à piscina, para encontrá-la. Sem sucesso!
Os traços do rosto se borrou com o tempo, mas aquele sorriso foi o começo de uma busca e outras tantas historias. Tantos amores achados e perdidos. Às vezes, no meu aniversário, penso na garota de vestido branco e sua bexiga. E agradeço por todas as sensações daquele dia. Porque até aquele momento, elas foram únicas.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

CONFIANÇA OU PEDRA-CARTA

Adoro assistir a um bom filme, mas de uns tempos pra cá, não consigo me programar para ir ao cinema... Conclusão, tíquetes e mais tíquetes da 2001!
Por conta disso, aluguei na semana passada alguns DVDS e 2 desses filmes gostaria de compartilhar com vocês:

* DO OUTRO LADO (Fatih Akin)
"Três famílias, duas turcas e uma alemã, seus membros estão espalhados entre os dois países. Yeter é uma prostituta quarentona turca que vive na Alemanha. Ela envia dinheiro para sua filha, Ayten, uma ativista política que vive em Istambul, na Turquia. Nejat é um professor numa universidade Alemã, seu pai, Ali, é um turco aposentado que inicia um romance com a prostituta Yeter. Lotte é uma jovem estudante universitária que vive com sua mãe, Susanne, na Alemanha. Os destinos dessas três famílias se cruzam de uma forma dramática e inesperada"...


A PARTIDA - Yojiro Takitaé
Um filme lírico, rico em simbologias... O protagonista Daigo Kobayashi (Masairo Motoki), é um violoncelista que volta para sua terra natal... O diretor Takita recorre a uma tradicional cerimônia de morte japonesa para dar riqueza à vida

Quero comentar mais sobre os filmes... Mas compreendi há muito tempo, que o espetáculo está a cada passo. É incrível que todas as pessoas nunca guardam para si, para sempre os mesmos momentos. Em última instância é sempre cada um que escolhe. E é nesta liberdade, felizmente impossível de controlar, que nos sentimos todos compensados. Mas peço apenas para confiar, na pessoa desse lado da tela, (você vai entender), depois até aceito uma pedra,rs!?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Vento Noroeste

Nunca pensei que julho se tornaria um mês de reflexão e mais trabalho que de rotina... Mas e estranho como apenas uma tela de computador pode tirá-lo do seu dia a dia... Conclusão... Aluguei um apartamento, fiz as malas e sai de Sampa, rumo ao litoral (detalhe, prefiro mato ao invés de praia) e o mais estranho é que não pensei nas conseqüências...
Apesar de ser 80% emoção e 20% razão... Nos últimos anos estava conseguindo me privar do impulso de saltar rumo ao desconhecido...

Aterrissei sem pára-quedas em um lugar especial e de pessoas especiais (em todos os sentidos)...
Nunca pensei na possibilidade do Bardo e com as batatas suíças (restaurante no qual sou sócia, chef de cozinha e especialista nesse prato), fosse contribuir para o benefício do próximo (em sabor ele sempre contribui, desculpa a falta de modéstia,rs)... Mas nunca imaginei que as batatas virariam dinheiro para ajudar uma ONG para deficientes intelectuais... Nunca convivi com algum “especial” e reconheço a minha falta de jeito e as minhas duvidas se no fundo eu conseguiria fazer isso mais que um período determinado!? (Por isso consigo valorizar ainda mais a equipe que está me apoiando... E sinto orgulho de estar entre eles)...
***
Está sendo uma experiência inusitada e muito gratificante... Pela primeira vez estou fazendo algo que beneficia desconhecidos de uma maneira jamais imaginada...
No fundo eu sabia que tinha algo... uma busca... Uma vez fui tentar me encontrar e acabei tomando um chá indígena, e ao invés de conseguir, descobri que aquele sonho que minha mãe tinha de eu me tornar medica, não teria sido em vão (eu teria que parar de ter medo da morte e principalmente de sangue)... De repente comecei a ajudar as outras pessoas que estavam no local e isso foi o mais próximo que consegui me achar...
A partir daquele momento, todas as vezes que tentava fazer o bem e ajudar o próximo, é como se uma peça do quebra-cabeça estivesse sendo finalmente encaixada...
***
Consegui fazer um Bardo no litoral e ainda apresentá-lo em uma feira, chamada “Inverno Quente”, em Santos, 100% da venda das batatas é destinada a ONG CCEV (Centro de Convivência Esperança e Vida) Os gastos, minha mão de obra, os sacos de batatas e etc... São divididos entre eu, meu sócio e o Bardo...

Devo toda essa experiência pessoal aos funcionários e alunos da entidade, que sem a ajuda nada seria possível! Aos professores que se tornaram auxiliares de cozinha, psicólogos que se tornaram lavadores de louça, administradores que acreditaram e fizeram o melhor para os alunos e para o meu convivo... Cozinheiros que se tornaram embrulhadores de recheios, ajudantes que viraram técnicos de fogão, auxiliares de aula que viraram vendedores, e aos alunos que sem o amor nada seria possível! Sei que algo, mudou em mim...um tal vento noroeste troxe mudança...amigos e uma nova familia em terras misteriosas...Engraçado! Nunca pensei que ajudar, também seria abrir mão de tudo que até um determinado dia, achei importante e também que tudo isso mexeria fundo comigo...

O Bardo Batata, no começo do mês, passou por vários momentos delicados... 45% dos nossos funcionários ficaram doentes (gripe, pneumonia, alergias e etc)... E alguém essa semana me disse, que fazer o bem, muitas vezes abre portas para o mal, será?... Nunca fui muito de acreditar nisso, mas confesso que tive meus momentos de Jo...
Mas nossas ancoras são pesadas e nada e ninguém nos jogam a deriva...

Obrigada a todos os administradores, alunos e funcionários do CCEV, que acreditaram e me convenceram nesse projeto. Aos meus funcionários que estão entendendo as dificuldades e batalhando para fechar as lacunas...

E em especial a duas grandes pessoas... Meu sócio e amigo, Adelir da Veiga que sempre me apóia, tem fé e acredita que tudo é possível! E a Rita do CCEV, que em poucos minutos me cativou, conquistou minha confiança e amizade... Você é uma excelente profissional e tenho ainda mais orgulho de dividir a cozinha e esse sucesso com você...

Além de fazer o bem, quem ajuda com o coração, também descobre o sentido da vida e no fundo alguns sentimentos esquecidos... Experimente! A feira "Inverno Quente" vai até o dia 2 de agosto... Participe!

sábado, 18 de abril de 2009

SURTO

Nas paredes da cidade não vejo nada!
E talvez tudo o que preciso para me achar
é ficar em silencio!
No escuro dos meus próprios medos...

Espera, espera...eu quero te dizer...

“ olha, eu sei que o barco ta furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer para não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também!” Caio F. Abreu

Que vontade de querer falar isso para alguém... Não para alguém em especial... Esse é justamente o problema! Antigamente eu achava que me apaixonar era a questão (loucura), mas não está apaixonada é loucura também! Não consigo gostar das pessoas... Até tentei me apaixonar pela 2º vez pela mesma pessoa, mas, racionalmente, foi impossível! Mesmos defeitos e tudo o que fez um dia eu me desapaixonar ainda existente... O vazio, a falta de profundidade, o medo de amar e as mesmas energias gastas com seus amores mascarados... Talvez a quisesse mais perto, com nossos semi-desejos-realizados... Mas e a vontade de remar?

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Abertura do 2º livro - Relicário - (ainda não publicado) valéria telles



existem coisas que deveriam 
ficar trancadas pra sempre!

Segredos Revelados - valeria telles

Mesmo que o motivo da viagem tenha sido
uma fuga, um refúgio, uma droga,
um amor, dois amores, três amores,
uma gaúcha, um complemento, uma tristeza,
um amigo, dois amigos, três amigos,
uma necessidade, um amanhecer, uma transa,
um encontro, dois encontros, três encontros

Mesmo que o motivo da viagem tenha sido
uma tempestade, um entardecer, uma alegria,
um quadro, dois quadros, três quadros,
uma mulher, uma bailarina, uma bebida,
um sonho, dois sonhos, três sonhos,
uma peregrinação, um contato, uma solidão,
um começo, dois começos, três começos

Mesmo que o motivo da viagem tenha sido
uma chance, um sentimento, uma angústia,
um fato, dois fatos, três fatos,
uma covardia, um beijo, uma ansiedade,
um fora, dois foras, três foras,
uma decepção, um êxtase, uma música,
um erro, dois erros, três erros

Mesmo que o motivo da viagem, tenha sido
uma puta, um demônio, uma mágoa,
um anjo, dois anjos, três anjos,
uma noite com sol, um delírio, uma caminhada,
um silêncio, dois silêncios, três silêncios,
uma estrada, um cupido, uma saudade,
um jogo, dois jogos, três jogos

Mesmo que o motivo da viagem tenha sido
uma ideologia, um machucado, uma inspiração,
um momento, dois momentos, três momentos,
uma conclusão, um mapa, uma omissão,
uma palavra, um toque, uma vida,
um olhar, dois olhares, três olhares

Mesmo que o motivo da viagem tenha sido
uma busca…

quinta-feira, 2 de abril de 2009

II Antologia - Confraria dos Poetas

É PRA VOCÊ
Já não consigo dormir
Não estou fazendo drama!
Se estivesse falaria que me coração
Está machucado!
Estou desistindo das pessoas!
Não quero mais me aproximar
E não quero que ninguém se aproxime
No fundo elas sempre me machucam
Vou fazer uma escolha
De estar só e ser só
É melhor vc partir
E perceber o que pra mim é obvio!
Um dia quem sabe
Paro de acreditar em horoscopo
E como pipoca no cinema
Por enquanto fico com o meu drama
e você com suas escolhas...
Esse seu dom de achar que sabe tudo
e no fundo, lá no fundo
Você também não quer que eu me aproxime
está com medo de gostar!
Por isso eu vou siplificar
Eu não consigo dormir
E você também não
Sei que também pensa em mim
Então? Não me deixe desistir
Pegue um taxi, seu carro, um avião
E corra pra bem perto de mim
E assim, quem sabe,
A gente consiga dormir?

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Para o Pequeno Principe (Fernanda Young)

Nossa, há quanto tempo... Como vão as coisas no seu pequeno planeta? Aqui, no meu, andam imensamente estranhas – muito baobá para pouca flor, se é que você entende meus simbolismos.
Quem sempre fala de você é aquela ex-miss que vivia chorando por sua causa, lembra? Ela me contou da sua amizade com a Raposa.
Príncipe, como você é meu amigo de infância, não posso deixar de alertá-lo. Cuidado com a Raposa. Ela parece uma coisa, mas é outra. Faz-se de fofa e é uma cobra, uma chantagista.
Quando a conheci, ela disse que não podia conversar comigo, pois não sabia quem eu era. “A gente s conhece bem as coisas que cativou”, ela falou, toda insinuante.
Respondi que, se nós duas nos cativássemos, ela ficaria triste quando eu fosse embora. Foi quando saquei que ela queria ter um cacho comigo, pois a Raposa pegou no meu cabelo – eu estava loira na época – e disse que tudo bem, porque ela olharia os campos de trigo e se lembraria de mim.
Marcamos um encontro para o dia seguinte, às 4. E ela me pediu para chegar às 4 em ponto, dessa forma ela ficaria feliz desde as 3 somente por esperar o momento do nosso encontro. Achei estranho, mas pensei que fosse charme. Não era.
Cheguei 15 minutos atrasada e a Raposa surtou. Falou que nós somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. E perguntou para mim, olhando diretamente nos meus olhos, se eu tinha consciência de que “perder tempo” com o outro é o que faz essa história importante. Percebeu o tom de chantagem? Ela joga na cara tudo o que faz em nome do outro. Ela deseja afeto, mas o quer como uma responsabilidade de mão única. Porém, também somos responsáveis quando nos deixamos cativar – relacionamentos são vias de mão dupla.
A Raposa exige a certeza de um compromisso com hora marcada, impondo regras à troca afetiva. As regras dela, claro, já que ela quer todo o afeto a favor de seu bem-estar. Chega a ponto de dizer que será feliz porque você virá. Como se a felicidade fosse algo condicionado ao outro, à espera do outro, ao encontro com o outro.
Veja que coisa infantil. São as crianças que precisam de horários certinhos e de associar suas emoções às pessoas com quem se relacionam. Sentindo prazer ou desprazer diante da ausência ou presença da mãe ou do pai ou de quem quer que seja. Na criança, ainda não há um universo interior, entendeu? Quando nós crescemos, temos de conseguir ver o mundo através das próprias perspectivas. Enxergar a beleza de um trigal sem nos lembrar de ninguém.
A Raposa, como uma criança assustada, quer que aqueles que a amam estejam com ela na hora em que ela deseja. Achando que eles são “responsáveis” pela felicidade dela. Ou seja, o outro lhe deve algo por tê-la cativado.
Desde esse dia, não falo mais com ela. E aconselho você a fazer o mesmo. Ela não é flor que se cheire.
Saudades distantes,

segunda-feira, 30 de março de 2009

Paixão Proibida! – (Poema do filme)

" Meu Querido Mestre...
Não se assuste.
Não se mova.
Não fale.
Ninguém irá nos ver.
Fique onde está.
Quero olhar pra você.
Temos a noite toda pra nós...
E quero olhar pra vc.
Seu corpo pra mim.
Sua pele.
Seus lábios.
Feche seus olhos.
Ninguém pode nos ver...
E eu estou aqui do seu lado.
Você me sente?
Quando eu te tocar pela 1ª vez...
Será com meus lábios.
Vc vai sentir o calor, mas não vai saber onde.
Talvez seja nos seus olhos.
Vou pressionar minha boca nos seus lábios.
E vai sentir calor.
Agora abra seus olhos, meu amor.
Olhe pra mim,
seus olhos nos meus seios,
seus braços me erguendo,
me deixando escorregar ao seu lado.
Meu choro fraco,
meu corpo tremendo.
Isso não acaba nunca.
Vc não vê?
Vai ficar pra sempre jogando sua cabeça pra trás...
E eu vou ficar pra sempre enxugando minhas lágrimas.
Este momento tinha que ter acontecido,
ele está acontecendo,
esse momento vai continuar de agora pra sempre.
Não vamos mais nos ver...
O que tínhamos que fazer já fizemos.
Acredite em mim, meu amor.
Fizemos isso para a eternidade.
Preserve sua vida longe do meu alcance
e se te deixar mais feliz...
Não hesite nem por um momento em esquecer essa mulher
que diz sem nenhum traço de arrependimento.
Adeus..."

terça-feira, 10 de março de 2009

PEQUENAS EPIFANIAS - (Caio F. Abreu)

Dois ou três almoços, uns silêncios.
Fragmentos disso que chamamos de "minha vida".
Há alguns dias, Deus - ou isso que chamamos assim,
tão descuidadamente, de Deus -, enviou-me certo
presente ambíguo:uma possibilidade de amor.
Ou disso que chamamos, também com descuido
e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me
refiro. Antes que pudesse me assustar e, depois
do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou
não querer - eu já estava lá dentro. E estar dentro
daquilo era bom. Não me entenda mal - não aconteceu
qualquer intimidade dessas que você certamente
imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada.
Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos
disso que chamamos, com aquele mesmo descuido,
de "minha vida". Outros fragmentos, daquela
"outra vida". De repente cruzadas ali, por puro
mistério, sobre as toalhas brancas e os copos
de vinho ou água, entre casquinhas de pão e
cinzeiros cheios que os garçons rapidamente
esvaziavam para que nos sentíssemos limpos.
E nos sentíamos. Por trás do que acontecia, eu
redescobria magias sem susto algum. E de
repente me sentia protegido, você sabe como:
a vida toda, esses pedacinhos desconexos,
se armavam de outro jeito, fazendo sentido.
Nada de mal me aconteceria, tinha certeza,
enquanto estivesse dentro do campo magnético
daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa
me olhavam e me reconheciam como outra pessoa,
e suavemente faziam perguntas, investigavam
terrenos: ah você não come açúcar, ah você não
bebe uísque, ah você é do signo de Libra.
Traçando esboços, os dois. Tateando traços
difusos, vagas promessas. Nunca mais sair do
centro daquele espaço para as duras ruas anônimas.
Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma
face para outra pessoa que também tem uma face
para você, no meio da tralha desimportante
e sem rosto de cada dia atravancando o coração.
Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo
do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça
estonteada de encanto: "Mas ambos estavam
comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada.
Ela,com sua infância impossível". Cito de memória,
não sei se correto. Fala no encontro de uma menina
ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um
cão basset também ruivo, que passa acorrentado.
Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos.
A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece. De mais
a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas,
insinuar convites, servir vinhos, acender velas,
fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser
que soprasse tanto vento que velejasse por si.
Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava
dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só
compreendi dias depois, quando um amigo me
falou - descuidado, também - em pequenas
epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de
Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia. Era
isso - aquela outra vida, inesperadamente
misturada à minha, olhando a minha opaca
vida com os mesmos olhos atentos com que
eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida
vieram o tempo, a distância, a poeira soprando.
Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer
coisa macia que tem me alimentado nestes
dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo
à noite, aos domingos. Recuperei um jeito
de fumar olhando para trás das janelas, vendo
o que ninguém veria. Atrás das janelas, retomo
esse momento de mel e sangue que Deus
colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente
aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver:
uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça,
agradecido. E se estendo a mão, no meio da
poeira de dentro de mim, posso tocar também em
outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo
e face. Que reponho devagar, traço a traço,
quando estou só e tenho medo.
Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.