sábado, 25 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

COINCIDÊNCIA OU NÃO?

Hoje estou um pouco mais confusa, acordei atrasada, deixei de lado o dentista e fui fazer compras de uniformes para os meus funcionários. Na verdade, eu nem sei o que era mais urgente. Apenas optei!
Meu telefone tocou no táxi, a menina do final de semana ligou para saber se quero ir ao cinema, fofa! Nem imagina, que meu defeito é fazer a pessoa se sentir unica...

De todos os meus problemas este é sem duvida é o mais agradável!

Mas, eu tinha que vê-la? Isso é apenas coincidência ou uma maldição? Será que em outra vida, te fiz sofrer tanto a ponto dessa, não deixa-la ser esquecida?

Vc estava linda! Também falava ao celular, estava com cara de “saco cheio” e de camiseta verde... Vc fica linda de verde, nunca pensei nisso! Na verdade nunca pensei em muitas coisas que agora me fascinam...
Estava mais determinada com seus passos fortes e cabelos ao vento. Cena inesquecível!


Sobre o telefone poderia ser comigo, mas você diz que te magoou consciente e você me magoa inconsciente. Isso não é verdade! Preciso me acostumar de vê-la andando pela cidade.

Tive um impulso de pedir para o taxista parar, mas esse se assustou e continuou... 

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

INTERROMPENDO AS BUSCAS - Martha Medeiros

''ASSISTINDO AO ÓTIMO "CLOSER - Perto demais", me veio à lembrança um poema chamado "Salvação", de Nei Duclós, que tem um verso bonito que diz: "Nenhuma pessoa é lugar de repouso". Volta e meia este verso me persegue, e ele caiu como uma luva para a história que eu acompanhava dentro do cinema, em que quatro pessoas relacionam-se entre si e nunca se dão por satisfeitas, seguindo sempre em busca de algo que não sabem exatamente o que é. Não há interação com outros personagens ou com as questões banais da vida. É uma egotrip que não permite avanço, que não encontra uma saída - o que é irônico, pois o maior medo dos quatro é justamente a paralisia, precisam estar sempre em movimento. Eles certamente assinariam embaixo: nenhuma pessoa é lugar de repouso.

Apesar dos diálogos divertidos, é um filme triste. Seco. Uma mirada microscópica sobre o que o terceiro milênio tem a nos oferecer: um amplo leque de opções sexuais e descompromisso total com a eternidade - nada foi feito pra durar. Quem não estiver feliz, é só fazer a mala e bater a porta. Relações mais honestas, mais práticas e mais excitantes. Deveria parecer o paraíso, mas o fato é que saímos do cinema com um gosto amargo na boca.

Com o tempo, nos tornamos pessoas maduras, aprendemos a lidar com as nossas perdas e já não temos tantas ilusões. Sabemos que não iremos encontrar uma pessoa que, sozinha, conseguirá corresponder 100% a todas as nossas expectativas, sexuais, afetivas e intelectuais. Os que não se conformam com isso adotam o rodízio e aproveitam a vida. Que bom, que maravilha, então deveriam sofrer menos, não? O problema é que ninguém é tão maduro a ponto de abrir mão do que lhe restou de inocência. Ainda dói trocar o romantismo pelo ceticismo, ainda guardamos resquícios dos contos de fada. Mesmo a vida lá fora flertando descaradamente conosco, nos seduzindo com propostas tipo "leve dois, pague um", também nos parece tentadora a idéia de contrariar o verso de Duclós e encontrar alguém que acalme nossa histeria e nos faça interromper as buscas.

 Não há nada de errado em curtir a mansidão de um relacionamento que já não é apaixonante, mas que oferece em troca a benção da intimidade e do silêncio compartilhado, sem ninguém mais precisar se preocupar em mentir ou dizer a verdade. Quando se está há muitos anos com a mesma pessoa, há grande chance de ela conhecer bem você, já não é preciso ficar explicando a todo instante suas contradições, seus motivos, seus desejos. Economiza-se muito em palavras, os gestos falam por si. Quer coisa melhor do que poder ficar quieto ao lado de alguém, sem que nenhum dos dois se atrapalhe com isso?

Longas relações conseguem atravessar a fronteira do estranhamento, um vira pátria do outro. Amizade com sexo também é um jeito legítimo de se relacionar, mesmo não sendo bem encarado pelos caçadores de emoções. Não é pela ansiedade que se mede a grandeza de um sentimento. Sentar, ambos, de frente pra lua, havendo lua, ou de frente pra chuva, havendo chuva, e juntos fazerem um brinde com as taças, contenham elas vinho ou café, a isso chama-se trégua. Uma relação calma entre duas pessoas que, sem se preocuparem em ser modernos ou eternos, fizeram um do outro seu lugar de repouso. Preguiça de voltar à ativa? Muitas vezes, é. Mas também, vá saber, pode ser amor.''