sábado, 18 de abril de 2009

SURTO

Nas paredes da cidade não vejo nada!
E talvez tudo o que preciso para me achar
é ficar em silencio!
No escuro dos meus próprios medos...

Espera, espera...eu quero te dizer...

“ olha, eu sei que o barco ta furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer para não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também!” Caio F. Abreu

Que vontade de querer falar isso para alguém... Não para alguém em especial... Esse é justamente o problema! Antigamente eu achava que me apaixonar era a questão (loucura), mas não está apaixonada é loucura também! Não consigo gostar das pessoas... Até tentei me apaixonar pela 2º vez pela mesma pessoa, mas, racionalmente, foi impossível! Mesmos defeitos e tudo o que fez um dia eu me desapaixonar ainda existente... O vazio, a falta de profundidade, o medo de amar e as mesmas energias gastas com seus amores mascarados... Talvez a quisesse mais perto, com nossos semi-desejos-realizados... Mas e a vontade de remar?

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Abertura do 2º livro - Relicário - (ainda não publicado) valéria telles



existem coisas que deveriam 
ficar trancadas pra sempre!

Segredos Revelados - valeria telles

Mesmo que o motivo da viagem tenha sido
uma fuga, um refúgio, uma droga,
um amor, dois amores, três amores,
uma gaúcha, um complemento, uma tristeza,
um amigo, dois amigos, três amigos,
uma necessidade, um amanhecer, uma transa,
um encontro, dois encontros, três encontros

Mesmo que o motivo da viagem tenha sido
uma tempestade, um entardecer, uma alegria,
um quadro, dois quadros, três quadros,
uma mulher, uma bailarina, uma bebida,
um sonho, dois sonhos, três sonhos,
uma peregrinação, um contato, uma solidão,
um começo, dois começos, três começos

Mesmo que o motivo da viagem tenha sido
uma chance, um sentimento, uma angústia,
um fato, dois fatos, três fatos,
uma covardia, um beijo, uma ansiedade,
um fora, dois foras, três foras,
uma decepção, um êxtase, uma música,
um erro, dois erros, três erros

Mesmo que o motivo da viagem, tenha sido
uma puta, um demônio, uma mágoa,
um anjo, dois anjos, três anjos,
uma noite com sol, um delírio, uma caminhada,
um silêncio, dois silêncios, três silêncios,
uma estrada, um cupido, uma saudade,
um jogo, dois jogos, três jogos

Mesmo que o motivo da viagem tenha sido
uma ideologia, um machucado, uma inspiração,
um momento, dois momentos, três momentos,
uma conclusão, um mapa, uma omissão,
uma palavra, um toque, uma vida,
um olhar, dois olhares, três olhares

Mesmo que o motivo da viagem tenha sido
uma busca…

quinta-feira, 2 de abril de 2009

II Antologia - Confraria dos Poetas

É PRA VOCÊ
Já não consigo dormir
Não estou fazendo drama!
Se estivesse falaria que me coração
Está machucado!
Estou desistindo das pessoas!
Não quero mais me aproximar
E não quero que ninguém se aproxime
No fundo elas sempre me machucam
Vou fazer uma escolha
De estar só e ser só
É melhor vc partir
E perceber o que pra mim é obvio!
Um dia quem sabe
Paro de acreditar em horoscopo
E como pipoca no cinema
Por enquanto fico com o meu drama
e você com suas escolhas...
Esse seu dom de achar que sabe tudo
e no fundo, lá no fundo
Você também não quer que eu me aproxime
está com medo de gostar!
Por isso eu vou siplificar
Eu não consigo dormir
E você também não
Sei que também pensa em mim
Então? Não me deixe desistir
Pegue um taxi, seu carro, um avião
E corra pra bem perto de mim
E assim, quem sabe,
A gente consiga dormir?

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Para o Pequeno Principe (Fernanda Young)

Nossa, há quanto tempo... Como vão as coisas no seu pequeno planeta? Aqui, no meu, andam imensamente estranhas – muito baobá para pouca flor, se é que você entende meus simbolismos.
Quem sempre fala de você é aquela ex-miss que vivia chorando por sua causa, lembra? Ela me contou da sua amizade com a Raposa.
Príncipe, como você é meu amigo de infância, não posso deixar de alertá-lo. Cuidado com a Raposa. Ela parece uma coisa, mas é outra. Faz-se de fofa e é uma cobra, uma chantagista.
Quando a conheci, ela disse que não podia conversar comigo, pois não sabia quem eu era. “A gente s conhece bem as coisas que cativou”, ela falou, toda insinuante.
Respondi que, se nós duas nos cativássemos, ela ficaria triste quando eu fosse embora. Foi quando saquei que ela queria ter um cacho comigo, pois a Raposa pegou no meu cabelo – eu estava loira na época – e disse que tudo bem, porque ela olharia os campos de trigo e se lembraria de mim.
Marcamos um encontro para o dia seguinte, às 4. E ela me pediu para chegar às 4 em ponto, dessa forma ela ficaria feliz desde as 3 somente por esperar o momento do nosso encontro. Achei estranho, mas pensei que fosse charme. Não era.
Cheguei 15 minutos atrasada e a Raposa surtou. Falou que nós somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. E perguntou para mim, olhando diretamente nos meus olhos, se eu tinha consciência de que “perder tempo” com o outro é o que faz essa história importante. Percebeu o tom de chantagem? Ela joga na cara tudo o que faz em nome do outro. Ela deseja afeto, mas o quer como uma responsabilidade de mão única. Porém, também somos responsáveis quando nos deixamos cativar – relacionamentos são vias de mão dupla.
A Raposa exige a certeza de um compromisso com hora marcada, impondo regras à troca afetiva. As regras dela, claro, já que ela quer todo o afeto a favor de seu bem-estar. Chega a ponto de dizer que será feliz porque você virá. Como se a felicidade fosse algo condicionado ao outro, à espera do outro, ao encontro com o outro.
Veja que coisa infantil. São as crianças que precisam de horários certinhos e de associar suas emoções às pessoas com quem se relacionam. Sentindo prazer ou desprazer diante da ausência ou presença da mãe ou do pai ou de quem quer que seja. Na criança, ainda não há um universo interior, entendeu? Quando nós crescemos, temos de conseguir ver o mundo através das próprias perspectivas. Enxergar a beleza de um trigal sem nos lembrar de ninguém.
A Raposa, como uma criança assustada, quer que aqueles que a amam estejam com ela na hora em que ela deseja. Achando que eles são “responsáveis” pela felicidade dela. Ou seja, o outro lhe deve algo por tê-la cativado.
Desde esse dia, não falo mais com ela. E aconselho você a fazer o mesmo. Ela não é flor que se cheire.
Saudades distantes,