sábado, 8 de maio de 2010

PORTO

Acabo de chegar do show da Miss Kittin, maravilhoso!
Como eu queria que você estivesse lá... Confesso que por minutos imaginei você ao meu lado sorrindo e vendo a mesma coisa que eu na pista. 

Estranho que essa, mesma, sensação tive em 2003, também no sets da Sra. Kittin!
Estava no Rio para esquecê-la e imaginava na minha loucura momentânea que você largaria tudo e amanheceria comigo naquele som perfeito! (a festa aconteceu em um galpão no Porto). Sempre quis que vc conhecesse o Rio comigo (ainda quero!).

Sei que você precisava pensar na nossa conversa, em tudo, etc. Sei que sabe que sou explosiva, ma eu precisava achar a palavra. Eu precisava me encontrar em meus textos. Precisava escrever sem sentido, para achar o sentido e o sentimento do nosso encontro.
Fica, por favor, um minuto em silencio, coloca a sua musica favorita e pensa em um instante tudo o que vou dizer, ok?

Eu queria saber qual foi o dia que você acordou e sabia que não era eu?
E se não teve esse dia, o que a impede de correr atrás e saber que ainda resta algo? E se não resta, se sou apenas o seu consolo... Saiba que é isso que me assusta! Mas ao mesmo tempo, certos detalhes, certos olhares me dão a segurança necessária e permitida para ainda ter esperanças!
O que me incomoda são as coisas não ditas! Sempre estamos falando de outras pessoas e da gente, é como se tivéssemos tanta certeza que estamos seguras, que congelamos...
Eu teria todos os dias, tentado fazê-la feliz (isso não duvide nunca!). Todos os nossos dias seriam um novo dia! E vê-la sorrir seria obrigação no pacote (rindo) Se eu teria conseguido? Acredito tanto, mas tanto que sim... Juntas conquistaríamos o mundo! Vamos vencer de qualquer jeito, mas ao seu lado, tudo seria mais fácil!

Ainda não desisti! Mas confesso que inconscientemente, até agora não me planejei para que isso de fato acontecesse. Estava simplesmente aceitando o fato que você desistiu da gente. O que era triste e solitário!  Me acostumei com um vazio que achava que já fazia parte... 
Em tese, fui feliz em todos os meus caminhos, mas o fato é que essa felicidade era pela metade!
Tenho vontade de ser uma pessoa melhor ao seu lado, acredite! Muitas vezes lutei por um motivo... você!

O problema que sempre tive a impressão que você nunca acreditou nisso, que sempre imaginou que eu não conseguiria...
Parei para pensar algumas vezes na possibilidade de você envelhecer atrás de um balcão de roupas qualquer (eu teria orgulho de você de qualquer jeito, só estou tentando explicar, ok?).
Me preocupava com o seu futuro e com seus sonhos armazenados. Me incomodava o fato de estar crescendo e você ainda não. Não fez eu te amar menos, muito pelo contrario. Parece que “hoje te amo menos que ontem e mais amanhã”(rindo). Eu sei que meio brega, mas tão verdadeiro! Só fez eu me preocupar, tentar entender mais. Acho que planejei a minha vida, para, mesmo ausentes... Me meter na sua e arrancar seus telhados, sua portas e janelas...para você se achar...


Ao seu lado mostro o meu lado impulsivo e infantil. Às vezes pareço ter 15 anos.... É que não tenho receio de me mostrar pra você. Mesmo sabendo que você pode sumir novamente... Me deixado a deriva no mar, o que é complicado! Porque o casco vai ficando velho, vai ficando grosso e às vezes ele perde o caminho do porto, entende?

Preciso dormir e finalizar esse texto... As coisas já estão ficando confusas...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

CAIXA DE PANDORA

 Caio F.Abreu

"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. "

"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também."

"Mesmo assim eu não esquecia dele. Em parte porque seria impossível esquecê-lo, em parte também, principalmente, porque não desejava isso. É verdade, eu o amava."

"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."


“... eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende?”

"Não vou perguntar porque você voltou,acho que nem mesmo você sabe...Eu também não queria perguntar,pensei que só no silêncio fosse possível construir uma compreensão,mas não é,sei que não é,você também sabe,pelo menos por enquanto,talvez não se tenha ainda atingido o ponto em que um silêncio basta?É preciso encher o vazio de palavras,ainda que seja tudo incompreensão?Só vou perguntar porque você se foi, se sabia que haveria uma distância, e que na distância a gente perde ou esquece tudo aquilo que construiu junto.E esquece sabendo que está esquecendo... "

"[...] sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor, pois se eu me comovia vendo você, pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo, meu Deus...como você me doía! De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme...só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando!"


"Não sei, até hoje não sei se o príncipe era um deles. Eu não podia saber, ele não falava. E, depois, ele não veio mais. eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar, dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe. mas ele não queria, acho que ele não queria, e eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo.”


Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certa que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!”


“Você era capaz apenas de viver as superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo"

"...porque gostei muito que você tivesse vindo, deu vontade de ficar mais tempo junto, deu vontade de levar essa história até o fim." 

"Toda a minha saudade e o amor de sempre..."