quinta-feira, 26 de abril de 2007

NÃO CONTO!

Na vida a gente não pode contar tudo o tempo todo... Porque tudo pode ser um dia jogado contra você. Suas fraquejas despejadas de bandeja... Mas não conto que li isso na internet e achei a brincadeira interessante...
Não conto que sou melhor com palavras escritas do que as faladas. Não conto que quando eu era criança eu corria atrás dos meus pais para alcançá-los no mar e caia na beirada e bebia muita água salgada e uma vez peguei pneumonia. Não conto que aprendi a andar de bicicleta com um senhor, acordei tão decidida que eu caia e levantava com os joelhos machucados, até que esse senhor (talvez imaginário) segurava a bicicleta e ajudava a me equilibrar. Não conto que quando meus pais se separaram eu fiquei tão triste que afetou minha fala. Às vezes quando eu tinha quer ler algo eu gaguejava e isso foi um pesadelo na minha infância, imagina. Não conto que quando eu jogava Hand, uma vez eu deixei a bola cair para o outro time tentar alcançar o placar e por mais que todos sabiam da verdade eu dizia (e digo) que havia tropeçado (elas estavam sendo arrasadas, não achei certo!). Não conto que odeio perder e isso às vezes é complicado, porque na vida alguém falou que não podemos ganhar tudo. Não conto que mentir não é meu forte, mas às vezes omito para não magoar e acabo me magoando. Não conto que odeio ver sangue e às vezes quando vejo tenho a sensação que vou desmaiar, Não conto que minha mãe queria que eu fosse medica e me dava brinquedos sobre a profissão e eu trocava por outros brinquedos qualquer, até figurinha. Não conto que adorava subir em arvores e ver tudo de cima quando eu era criança e umas das minhas frustrações era não ter morado em arvore. Não conto que roubava amora do vizinho. Não conto que com 6 anos eu era a única criança do colégio que sabia cantar o hino- nacional, imagina. Não conto que já pensei em montar um grupo que luta por justiça e pela dignidade das pessoas. Não conto que já pensei em matar um político. Não conto que um dos hinos que mais gosto é – ou viver a pátria livre ou morrer pelo Brasil. Não conto que adoro fazer amor no cinema. Não conto que sou movida a adrenalina, não conto que uma vez tocou meu interfone e eu não atendi, mesmo ouvindo...fiquei com medo de perder uma pessoa. E logo em seguida a pessoa do interfone sofreu um acidente e ficou dias internado...acabei perdendo a pessoa de qualquer jeito (ela não morreu, calma!). Não conto que adoro chorar em filmes e às vezes até alguma musica ou foto me comove. Não conto (apesar de que, todos sabem) que o meu “oi” e “bom dia” são desafinados e eu sou uma pessoa desafinada e se um dia eu precisar disso par conquistar alguém, estou ferrada! Não conto que tive um amigo imaginário chamado Peter, depois um passarinho chamado Peter e depois um amigo de verdade chamado Peter e que me deixou ao ir morar no Arizona, mas que ainda somos amigos não com a mesma intensidade... Também não conto que adoro cachecol e pessoas que falam francês. Não conto que sou geniosa, carente e ansiosa e tenho insônia (meu! quanto defeito, isso não conto de jeito nenhum). Não conto que não gostava de gatos e agora eu amo gatos, não sei viver sem minhas gatas de bigode. Não conto que tive uma cachorra chamada Alice e que penso nela até hoje, como se fosse alguém da minha família. Não conto que eu largaria Sampa para morar no Rio, Não conto que menti dizendo que não era apaixonada por ela, porque não faria diferença...Não conto que adoro pisar na grama com os pés descalços, mas em Sampa o que me relaxa é andar de Tênis, Não conto que para me alegrar basta um copo de mojito... Não conto que não quero envelhecer e que tenho medo de morrer, imagina. Não conto que estou sofrendo e que não posso contar para ninguém, porque eu não posso desmoronar.Imagina...Valéria Telles desmoronando...imagina mesmo... Não conto que nesse exato momento estou com vontade de gritar... não conto, não conto...não conto. Não conto que tenho as vezes medo de morar sozinha e que eu moro sozinha, não conto que tenho medo de filme de terror. Não conto que meu sonho era ser Peter Pan,imagina...Não conto que gostaria de pisar na Lua ou em Marte ou em Saturno. Não conto que quando fico nervosa não consigo me comunicar e que estou escrevendo agora para me reconfortar... valéria telles

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Explodem fogos de artifício

Sempre acreditei que existem sentimentos impossíveis de descrever com palavras. Mas ao mesmo tempo escrevo para dar emoções aos acontecimentos e esse é sentido de tudo que vejo, sinto e penso...e por que não tentar descreve-los?
Passei 2 anos da minha vida fechada para balanço, me questionando sobre um passado presente, tentando achar outros tipos de realizações. Ficando, mais não me entregando, entende? Coloquei na minha cabeça que para todas as pessoas que passaram pela minha vida eu tinha deixado um pouco do meu eu e para ela. Para o meu passado-presente eu tinha me deixado por inteira.
E agora, ando rindo a toa – você faz suas escolhas suas escolhas fazem você, será? Minha alma inquieta é que não relaxa nunca. Mas que encontrou aconchego em outro ser, um ser ainda irreal, ainda tão mais confuso, ainda no meu pedestal. A armadura se afrouxa, o sorriso se solta, as palavras se atropelam...

Quando penso em transformar meus livros em roteiro. Sempre penso em uma cena....tente imagina-la. A cena se passa em Sampa, na chuva, com um beijo demorado, molhado. E por algum motivo eles na chuva se viram para sentidos opostos. Dois sentimentos nesse instante se completam e se tornam um -o êxtase do beijo e a dor da despedida. Um dos personagens acha que já aconteceu tudo, suspira e tenta seguir seu caminho rumo ao sonho. O outro protagonista ainda sentindo o gosto dos lábios do outro ser, volta. A cena é congelada e nesse momento tudo recomeça. Sampa, a chuva, o beijo, o molhado...a sensação Há! A sensação de entrar em erupção, de fogos de artifícios explodirem dentro do peito...Essa sensação única poderia durar a vida inteira.
Hoje quando eu abri a pagina de noticias da uol, fiquei surpresa com tanta chuva que caiu na cidade. Mas tentem entender eu estava extasiada, segura e feliz...

"O sabiá no sertão
Quando canta me comove
Passa três meses cantando
E sem cantar passa nove
Porque tem a obrigação
De só cantar quando chove...
...Seu boiadeiro por aqui choveu
Seu boiadeiro por aqui choveu
Choveu que amarrotou
Foi tanta água que meu boi nadou"